Mês de julho. Às 19h15min ele estaciona o carro, acena para os pais e diz: “Não se preocupem, cuidarei dela.” Ela sorri, beija seus pais e antes que o pai pergunte, ela avisa: “Voltarei entre meia-noite e uma hora da manhã.” Desce as escadas correndo; Faz um carinho rápido no cachorro e vai ao encontro dele. Entra no carro, dá um beijo cheio de saudades e pergunta:
-“Tudo bem, amor?”
-“Sim, e você como está, linda?” -“Tudo bem, amor?”
-“Estou ótima. Você sabe mesmo como chegar ao barzinho, né?”
Responde seguro de si: - “Eu vi o endereço antes de vir. É fácil chegar!”
Então, ele liga o rádio e conversa sobre a confiança que o pai dela depositara nele depois de certo tempo. Conversam sobre o dia de ambos e... “Não acho a rua que devo entrar!” Ela olha para trás e diz: “Não era aquela que acabamos de passar?” Ele fica em silêncio e dirige atencioso aos nomes das ruas. O único som que se ouve é o do rádio. Incomodada por estar “perdida” ela avisa: “Vou ligar para o meu pai. Ele me diz como chegar lá.” Impaciente ele tira o celular da mão dela e apenas diz: “Não precisa, eu me acho!” Ela então pega o celular novamente e sem dar satisfações disca para seu pai, pede as informações a ele e desliga. Num tom de voz seco o conduz até a rua que procura. Ao chegar, ela comenta com ironia: “É, te trouxe até aqui...” Mesmo sem esperar que ela termine a frase, ele fala revoltosamente: “Se está tão incomodada, desça do carro e vá sozinha!” O único som que se ouve é o do rádio. A garganta arranha de tanta vontade de chorar; Os olhos enchem-se de água e uma piscada que desse, lágrimas simbolizando a mágoa que sentira por ele escorreriam pelo seu rosto. Resiste. Fixa o olhar na janela do carro e tenta não pensar no que acabara de acontecer. Ele fica em silêncio. O único som que se ouve é o do rádio; Que nesse instante toca: “... quero poder jurar que essa paixão jamais será...” Ele desliga o rádio. Não há mais som algum. 7 minutos até chegar ao bar. Eternos 7 minutos.(Mary Portilla)