“Eternos 7 minutos aqueles em que passamos dentro do carro. Eu estava tomado pelo orgulho e não fui capaz de reparar o quanto ela estava magoada por causa das minhas palavras... Palavras... Faltaram-me palavras naquele instante de raiva. Depois dos 7 minutos de total silêncio, chegamos enfim. Saímos do carro e caminhamos até a porta do bar. No bar... para não transparecer nossa briga, fingimos estar “bem”. Mas, eu sabia o quanto estava magoada; Ela não olhava em meus olhos, evitou me tocar e quando eu disse para conversarmos, ela se recusou. Optou por continuar fingindo estar bem e por jogar conversa fora com as amigas. E eu? Recusei-me a insistir pelas palavras, pela conversa que precisávamos ter, pelo pedido de desculpas. Preferi me calar com copos e mais copos de cerveja... Idiota! Aaah como eu me arrependo por cada gota de álcool que coloquei na boca! As horas passaram e estava na hora de levá-la embora. Nos despedimos dos amigos, pagamos a conta e saímos em silêncio... Sabíamos o quanto estávamos incomodados com a situação, pois éramos cúmplices, compartilhávamos cada momento, não conseguíamos ficar uma noite se quer sem nos falar no telefone antes de dormir, amávamos rir juntos, estar juntos, ser felizes juntos... e naquele momento nos encontrávamos em total silêncio, nem uma palavra, nem um olhar e nem um sorriso. Estávamos dentro do carro, e eu seguia em direção a casa dela... Parei no semáforo. O silêncio então foi quebrado com o barulho de um motor, o maldito barulho de um motor de carro que tinha emparelhado ao meu lado; Os babacas que estavam no carro começaram a me desafiar. Ela falou num tom normal de voz “ignore as palavras deles , ignore”. Mas, totalmente alcoolizado que eu estava, me deixei levar pela provocação, e ignorei as palavras dela. VERDE! Arranquei, e a medida em que o tom da voz dela crescia “por favor, pare de acelerar, pare!” a distância entre os carros diminuía. 100km/h, 120km/h, 140km/h... uma batida na lateral, um giro, um grito, um poste... Acordei no hospital, depois de algumas horas em que estive dormindo; Encostada na minha cama, estava a mãe dela a me observar. Passaram tantas coisas na minha cabeça para falar naquele momento, o mais coerente seria um pedido de desculpas, pois eu não cumpri com as minhas palavras: “Não se preocupem, cuidarei dela.” Mas, não pude me conter... “E ela?” perguntei, ansioso pela resposta. A mãe dela então se aproximou de mim e deixou em minha mão um papel dobrado, com as palavras ditadas pela filha, poucas horas antes. Abri o bilhete com lágrimas nos olhos e tremor na mão... “QUE O NOSSO AMOR PRA SEMPRE VIVA, MINHA DÁDIVA!” Um grito de desespero saiu de dentro de mim, as lágrimas molhavam o meu rosto; Coloquei o bilhete sobre o meu peito e o apertei como se eu pudesse sentir o abraço carinhoso dela novamente! Ela se foi... e eu não pude pedir desculpas pelas palavras tolas que eu disse no carro, não pude falar o quanto ela estava linda com aquela roupa, não pude dizer TE AMO olhando naqueles olhos encantadores, não pude jurar que a nossa paixão jamais seria apenas palavras, não pude dizer que ELA era a minha maior DÁDIVA...e agora, já não posso mais dizer nenhuma palavra.”
Obs: é indispensável escutar a música do vídeo agora que você leu o conto. ;)