segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Palavras (parte II)

“Eternos 7 minutos aqueles em que passamos dentro do carro. Eu estava tomado pelo orgulho e não fui capaz de reparar o quanto ela estava magoada por causa das minhas palavras... Palavras... Faltaram-me palavras naquele instante de raiva. Depois dos 7 minutos de total silêncio, chegamos enfim. Saímos do carro e caminhamos até a porta do bar. No bar... para não transparecer nossa briga, fingimos estar “bem”. Mas, eu sabia o quanto estava magoada; Ela não olhava em meus olhos, evitou me tocar e quando eu disse para conversarmos, ela se recusou. Optou por continuar fingindo estar bem e por jogar conversa fora com as amigas. E eu? Recusei-me a insistir pelas palavras, pela conversa que precisávamos ter, pelo pedido de desculpas. Preferi me calar com copos e mais copos de cerveja... Idiota! Aaah como eu me arrependo por cada gota de álcool que coloquei na boca! As horas passaram e estava na hora de levá-la embora. Nos despedimos dos amigos, pagamos a conta e saímos em silêncio... Sabíamos o quanto estávamos incomodados com a situação, pois éramos cúmplices, compartilhávamos cada momento, não conseguíamos ficar uma noite se quer sem nos falar no telefone antes de dormir, amávamos rir juntos, estar juntos, ser felizes juntos... e naquele momento nos encontrávamos em total silêncio, nem uma palavra, nem um olhar e nem um sorriso. Estávamos dentro do carro, e eu seguia em direção a casa dela... Parei no semáforo. O silêncio então foi quebrado com o barulho de um motor, o maldito barulho de um motor de carro que tinha emparelhado ao meu lado; Os babacas que estavam no carro começaram a me desafiar. Ela falou num tom normal de voz “ignore as palavras deles , ignore”. Mas, totalmente alcoolizado que eu estava, me deixei levar pela provocação, e ignorei as palavras dela. VERDE! Arranquei, e a medida em que o tom da voz dela crescia “por favor, pare de acelerar, pare!” a distância entre os carros diminuía. 100km/h, 120km/h, 140km/h... uma batida na lateral, um giro, um grito, um poste... Acordei no hospital, depois de algumas horas em que estive dormindo; Encostada na minha cama, estava a mãe dela a me observar. Passaram tantas coisas na minha cabeça para falar naquele momento, o mais coerente seria um pedido de desculpas, pois eu não cumpri com as minhas palavras: “Não se preocupem, cuidarei dela.” Mas, não pude me conter... “E ela?” perguntei, ansioso pela resposta. A mãe dela então se aproximou de mim e deixou em minha mão um papel dobrado, com as palavras ditadas pela filha, poucas horas antes. Abri o bilhete com lágrimas nos olhos e tremor na mão... QUE O NOSSO AMOR PRA SEMPRE VIVA, MINHA DÁDIVA!” Um grito de desespero saiu de dentro de mim, as lágrimas molhavam o meu rosto; Coloquei o bilhete sobre o meu peito e o apertei como se eu pudesse sentir o abraço carinhoso dela novamente! Ela se foi... e eu não pude pedir desculpas pelas palavras tolas que eu disse no carro, não pude falar o quanto ela estava linda com aquela roupa, não pude dizer TE AMO olhando naqueles olhos encantadores, não pude jurar que a nossa paixão jamais seria apenas palavras, não pude dizer que ELA era a minha maior DÁDIVA...e agora, já não posso mais dizer nenhuma palavra.”

Obs: é indispensável escutar a música do vídeo agora que você leu o conto. ;)



Breve


Aaah, consegui voltar a escrever no blog, até que enfim! Bom, eu já tinha dito no outro post que eu não conseguiria escrever com frequência este ano, então estou desculpada pela demora da segunda parte do conto Palavras, né?
Continuo a agradecer, muito, muito OBRIGADA pelos comentários! Fico realmente feliz por cada comentário, crítica, principalmente por pedirem pra eu continuar a escrever os contos!
Bom, segue então a segunda e última parte do conto Palavras; Espero que gostem e que continuem comentando!
Beijos, Mary Portilla.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Palavras (parte I)


Mês de julho. Às 19h15min ele estaciona o carro, acena para os pais e diz: “Não se preocupem, cuidarei dela.” Ela sorri, beija seus pais e antes que o pai pergunte, ela avisa: “Voltarei entre meia-noite e uma hora da manhã.” Desce as escadas correndo; Faz um carinho rápido no cachorro e vai ao encontro dele. Entra no carro, dá um beijo cheio de saudades e pergunta:
-“Tudo bem, amor?”
-“Sim, e você como está, linda?”
-“Estou ótima. Você sabe mesmo como chegar ao barzinho, né?”
Responde seguro de si:
- “Eu vi o endereço antes de vir. É fácil chegar!”
Então, ele liga o rádio e conversa sobre a confiança que o pai dela depositara nele depois de certo tempo. Conversam sobre o dia de ambos e... “Não acho a rua que devo entrar!” Ela olha para trás e diz: “Não era aquela que acabamos de passar?” Ele fica em silêncio e dirige atencioso aos nomes das ruas. O único som que se ouve é o do rádio. Incomodada por estar “perdida” ela avisa: “Vou ligar para o meu pai. Ele me diz como chegar lá.” Impaciente ele tira o celular da mão dela e apenas diz: “Não precisa, eu me acho!” Ela então pega o celular novamente e sem dar satisfações disca para seu pai, pede as informações a ele e desliga. Num tom de voz seco o conduz até a rua que procura. Ao chegar, ela comenta com ironia: “É, te trouxe até aqui...” Mesmo sem esperar que ela termine a frase, ele fala revoltosamente: “Se está tão incomodada, desça do carro e vá sozinha!” O único som que se ouve é o do rádio. A garganta arranha de tanta vontade de chorar; Os olhos enchem-se de água e uma piscada que desse, lágrimas simbolizando a mágoa que sentira por ele escorreriam pelo seu rosto. Resiste. Fixa o olhar na janela do carro e tenta não pensar no que acabara de acontecer. Ele fica em silêncio. O único som que se ouve é o do rádio; Que nesse instante toca: “... quero poder jurar que essa paixão jamais será...” Ele desliga o rádio. Não há mais som algum. 7 minutos até chegar ao bar. Eternos 7 minutos.

(Mary Portilla)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Breve

Bom, faz tempo que não coloco nada aqui; Empolguei-me com a primeira postagem, fiquei realmente muito feliz pelos comentários e por saber que o meu objetivo foi alcançado - encontrar pessoas que se identificam com os meus contos. Porém, por conta das obrigações, não tive tempo para postar mais nada; Não que eu não tivesse vontade de escrever, é a "correria" que me impede. Enfim, mas hoje, tive uma necessidade maior do que os outros dias de "desabafar". Eu me obriguei a escrever, antes que eu surte com alguns empecilhos que surgiram. Agradeço muito por todas as pessoas que perderam alguns minutos lendo o conto "vestido" e ainda comentaram; Obrigada. Escrever aqui com frequência e sem longo intervalo de tempo, não será possível, pelo menos por este ano. Porém, SEMPRE que eu puder, escreverei. Mais uma vez, obrigada por visitarem meu blog. E vamos finalmente ao próximo conto, ou melhor, a primeira parte do conto. Espero que gostem e continuem acompanhando. Beijos, Mary Portilla.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Vestido


Assim é melhor. Entenda, eu tenho meus motivos. Não, você não é culpado; Ou talvez seja. Como assim? Certo, você tem culpa... Tem culpa por ter sido tão atencioso comigo, por ter me dado carinhos tão gostosos e ter me feito tão feliz. Por que disso então? Você sabe que nossa história nunca foi muito fácil. Sempre tiveram mais pessoas além de nós. Você fica em silêncio, porque talvez compreenda o motivo dessa minha atitude. Não precisava ser assim? Eu já agüentei mais do que imaginei suportar. Sei que pra você não há nada de errado, afinal, eu nunca falei claramente dos meus sentimentos. Palavras não são suficientes parar expressar, não me pergunte o que eu sinto. Você vai ficar bem... Só espero que ela cuide bem do meu vestido. Que vestido? Um vestido lindo que eu usei por pouco tempo, porém tempo inesquecível. Eu emprestei esse vestido à uma amiga... e o vestido ficou melhor nela, do que em mim. Mesmo ela indo à festas, sujando e desbotando o vestido, ele ainda continuava mais bonito nela do que em mim. Por mais que eu tivesse vontade de pedi-lo de volta, não tive coragem, pois o vestido já tinha se adaptado a ela, e eu... Então achei melhor assim, deixar o vestido com ela. Por que eu não penso melhor? Porque eu sei que mesmo que ela queira devolver o vestido, ele virá com marcas dela, do tempo que ela o usou. Não fique com esta cara... Sim, é este o me vôo. Fizemos muitos planos para o futuro, que poderiam ter sido realizados no presente. A espera por esses planos foi desgastando-me e por fim, esgotou-me. É, essa é a chamada pro meu embarque. Já falei muito pra quem diariamente evitava falar de nós; Mas, você continua com a mesma postura de sempre, discreto com o que pensa. Dê-me um abraço. Já estou atrasada... Oi? Fale mais alto, não consigo escutar! Eu ATÉ que gosto de você também! Cada um seguiu em direção oposta, com lágrimas e sorrisos misturados. De vez em quando ele olhava para trás, para ver pela última vez o seu sonho não realizado e ela o seu vestido deixado.


(Mary Portilla)


Obs: A idéia do vestido foi inspirada no filme DIVÃ.